Como já vimos ao longo do texto, as novas tecnologias e a virtualização das organizações estão operando verdadeira revolução nos processos produtivos e de troca de informações (ver a respeito, Curvello, 1996a e 1996b) e exigindo novas atitudes e novas competências por parte de organizações e empregados. Desses, é cada vez mais cobrada a capacidade de transformar a verdadeira enxurrada de informações recebidas em conhecimento produtivo.
O interessante nesse processo de virtualização é que, paralelamente aos inúmeros problemas que causa, como o desemprego e a imaterialidade, traz na sua concepção inúmeras novas oportunidades, como a possibilidade de se estabelecerem novas relações de trabalho não mais baseadas em normas e regulamentos padronizados de mediação, mas na confiança. Também a qualificação das pessoas tende a aumentar com a maior circulação e o maior acesso às informações globalizadas. As organizações estão propensas a obter ganhos em eficácia, em razão do livre trânsito de idéias e do incentivo à inovação permanente. O diálogo, a comunicação, em suma, apesar da impessoalidade, tende a se tornar mais franco, em razão da maior interatividade. As amarras burocráticas e hierárquicas tendem a se tornar mais maleáveis.
Do ponto de vista da teoria da comunicação organizacional, as mudanças trazidas pelas novas tecnologias representam um resgate do receptor como ser ativo no processo comunicativo. O modelo teórico da mensagem que parte de um emissor a um receptor em situação de inferioridade cai por terra. A nova era da interatividade transfere ao antigo receptor o poder de conduzir o processo comunicativo. Ele passa a definir o que quer ler, ouvir, ver ou saber. Antes, essa definição era prerrogativa do administrador e do profissional de comunicação a seu serviço. Hoje, administrador e profissional de comunicação só tem de apontar os rumos e oferecer o acesso. O novo modelo, se é que possível ainda prescrever modelos, descreve a comunicação como processo de intercâmbio de mensagens entre comunicador/comunicador (Curvello, 1996b).
© 1997 Prof. Dr. João José Azevedo Curvello - Ação Comunicativa
Publicada originalmente em: 26/09/97