Sobre as publicações impressas
Nesta semana, depois de apresentar em aula o resultado de uma pesquisa que atestava a crescente substituição das mídias impressas pelas eletrônicas no ambiente da comunicação organizacional, uma aluna perguntou qual minha opinião sobre o uso das publicações impressas pelas organizações.
Lembrei, então, de uma entrevista que realizaram comigo, há quase 10 anos, para o effe,B Magazine, publicado pela effe,B Editora, de São Paulo. Hoje, relendo a referida entrevista, percebo que ainda penso dessa forma sobre o uso dos meios impressos. Creio que vale a pena compartilhar:
effe,B – Qual a importância para uma empresa ter revista ou informativo?
Curvello – Nos últimos anos, a comunicação empresarial ganhou status de instância estratégica para que as empresas alcancem seus objetivos e satisfaçam às necessidades de seus públicos. Assim, verificamos um grande aumento na demanda por novos veículos e canais para atingir a esses públicos. Do velho e único “jornalzinho de empresa”, migramos para uma gama de novos meios que passam por TVs, Rádios Corporativas, eventos estratégicos, até chegarmos à Internet e à Intranet, que estão revolucionando o modo de conceber e fazer comunicação.
Mas apesar dessa gama de novos veículos, eletrônicos na sua maioria, vislumbra-se também um grande espaço para revistas e informativos impressos, uma vez que esses meios garantem portabilidade, acesso e possibilidade de tratamento em profundidade que fazem com que não possam, ainda, ser totalmente substituídos pelos chamados “veículos quentes”.
effe,B – Para que serve a revista ou informativo empresarial?
Curvello – As revistas ou informativos empresariais servem para falar com o empregado fora do ambiente de trabalho ou com o cliente, quando ele já nem se lembra da empresa. Ou seja, revistas ou informativos tem essa possibilidade de levar a empresa aos seus públicos estratégicos onde esses públicos estão.
Servem para informar, estimular e integrar a empresa a seus públicos. E como já disse, alguns temas exigem espaço e tratamento mais profundo, o que só pode ser exercido em um veículo impresso.
effe,B – Toda empresa deve ter um meio de comunicação com clientes e funcionários? Por quê?
Curvello – Clientes e funcionários são públicos estratégicos para o sucesso de qualquer empresa e, como tal, não podem deixar de ser informados. Tenho visto, nos últimos tempos, uma opção de algumas empresas pelos chamados veículos para público misto (empregados, fornecedores, clientes, etc.) Acredito que essa opção é muitas vezes adotada em razão de economia. Mas ainda sou favorável ao tratamento segmentado dos públicos, pois as pesquisas indicam que a comunicação dirigida alcança melhores resultados do que a comunicação massiva.
effe, B – Qual o momento para a empresa decidir fazer uma revista?
Curvello – Quando decide crescer. Porque para uma empresa pequena, na maioria das vezes, não se justifica o investimento. Mas se a empresa planeja crescer, uma revista pode ajudar muito nos esforços de integração dos empregados ou de fidelização e ampliação da base de clientes. Juntamente com outros veículos, a empresa pode montar um mix de produtos de comunicação que ampliam em muito o alcance das mensagens corporativas.
effe, B – Por que procurar uma empresa especializada, com serviços de jornalismo, arte e diagramação ao invés de produzir a revista no próprio RH ou marketing, por exemplo?
Curvello – Essa é uma tendência que me parece irreversível. Os departamentos de comunicação e de marketing e até mesmo o de RH estão sendo muito mais demandados como formuladores de estratégia do que como executores de tarefas de comunicação. As equipes estão ficando cada vez mais reduzidas e as empresas já não querem só o técnico, mas aquele profissional dotado de competências como sensibilidade, criatividade e visão sistêmica. E em razão das necessidades de enxugar estruturas, cortas gastos e focar suas atividades no negócio da empresa, muitas atividades devem mesmo ser terceirizadas. A produção de revistas, informativos, eventos, etc. se enquadram nessa gama de atividades.
effe, B – É importante que este produto seja escrito com linguagem apropriada e seja visualmente bonito?
Curvello – Sem dúvida. Porque já vimos que a concorrência com outros meios bastante dinâmicos exige um tratamento de qualidade editorial e gráfica no mínimo excelente, para que se obtenha a atenção dos leitores.
effe, B – Como está o mercado de publicações empresariais no Brasil em relação ao mundo?
Curvello – Eu diria que a forte concorrência levou o mercado de publicações empresariais no Brasil a atingir um nível de profissionalismo que o aproxima do que de melhor se faz no exterior. O grande problema ainda está relacionado aos custos. Apesar dos avanços tecnológicos na área editorial, os custos de produção e impressão ainda continuam muito altos. A redução desses custos poderia ampliar ainda mais o mercado.