O Medo Global, por Eduardo Galeano

João J. A. Curvello | Reflexões | quarta-feira, maio 21st, 2008

O Medo Global

Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo de comida.
Os motoristas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de serem atropelados.
A democracia tem medo de lembrar e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.
É o tempo do medo.
Medo da mulher da violência do homem e medo do homem da mulher sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechaduras, do tempo sem relógios, da criança sem televisão, medo da noite sem comprimidos para dormir e medo do dia sem comprimidos para despertar.
Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e do que pode ser, medo de morrer, medo de viver.

Eduardo Galeano, publicado em: De Pernas Pro Ar – A Escola do Mundo ao Avesso.

Como construir credibilidade nas relações com a imprensa

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional | sexta-feira, maio 9th, 2008

Atender à imprensa com rapidez, objetividade e honestidade é bom negócio para as empresas.

A imprensa pode não fazer com que os públicos pensem exatamente como desejam seus articulistas, mas consegue nos induzir sobre o que devemos pensar. Esse é o chamado poder de agenda dos meios de comunicação. Uma vez na pauta, um assunto vai repercutir de alguma maneira junto à sociedade.

Há muito tempo, grandes corporações já perceberam as vantagens de estar ao lado da mídia, literalmente pegando carona nas ondas da cobertura jornalística ou por meio da ação estratégica de suas assessorias de comunicação, ao sugerir temas e conteúdos.

Para organizações de menor porte, que nem sempre contam com estruturas formais de comunicação, as relações com a imprensa podem ser tensas por diversas razões. Uma delas pode estar na tradicional aversão à notícia, provocada pelo receio da distorção da informação. A imprensa que hoje pode ser uma aliada na divulgação de produtos e serviços, amanhã pode ser aquela que denuncia alguma irregularidade e expõe as possíveis falhas do negócio. Como confiar, portanto, nos jornalistas?

Primeiro, é preciso entender que atuam sob pressão: correm contra o tempo cada vez mais comprimido, precisam cumprir metas e objetivos e exercem várias funções. Seguem regras profissionais e se baseiam em critérios que definem o que é e o que não é notícia, como representatividade da fonte, número de pessoas envolvidas e alcance social. Às vezes, a inauguração de uma nova loja pode ser a notícia mais importante para a empresa, mas para os jornalistas trata-se de um fato rotineiro que, ponderado com outros tantos fatos acontecidos no dia, de igual ou maior importância, não gera interesse imediato para a sociedade. Portanto, as visões podem ser diferentes. E o que fazer, então, quando a imprensa bate às portas da empresa na busca por informações ou mesmo na tentativa de agendar entrevistas?

Sabe-se que é no espaço editorial de um veículo de comunicação, diferentemente do espaço comercial em que se publicam anúncios, que se constrói a credibilidade. Essa possibilidade de passar pelo crivo da notícia e obter o reconhecimento público pela qualidade de um serviço, por exemplo, certamente será um diferencial competitivo.

Para isso, porém, é preciso primeiro superar a timidez e o medo de se expor, além de evitar dar aos jornalistas um tratamento burocrático ou deixar a imprensa sem resposta. Ainda que não seja oportuno atender ao jornalista naquela hora e instante, pergunte sempre “qual é o seu deadline?” (ou “qual o seu prazo?”). E, claro, receba-o assim que estiver disponível e devidamente preparado.

Outro conselho passa pelo esforço em ser objetivo, sucinto mesmo, quando se fala para qualquer dos meios (rádio, televisão, jornal, revistas, internet). Uma frase curta tem mais chances de ser aproveitada no texto do jornalista do que longos parágrafos e explicações.

Também se aconselha a não discriminar jornalistas e veículos pelo porte do jornal ou da emissora. Todos têm públicos cativos que podem ser afetados pela informação ou pela falta de informação. Outra questão importante é o respeito à verdade, pois como bem lembra Ruy Altenfelder, ex-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, “quem não diz o que é permite que pensem e afirmem aquilo que não é”.

É preciso, ainda, ter cuidado com alguns mercadores do jornalismo (sim, eles também existem), que literalmente vendem espaços e matérias nos seus veículos. O que pode parecer inicialmente um grande negócio, certamente terá repercussões negativas, porque os públicos sabem muito bem discernir o joio do trigo quando se trata de credibilidade jornalística.

Assim como é possível encantar o cliente com um bom atendimento, esses cuidados ao se relacionar com a imprensa, podem de alguma forma encantar e até mesmo fidelizar o jornalista, de tal maneira que ele voltará a buscar informações. É o momento em que o empresário ou executivo ganha o status de fonte e pode efetivamente posicionar sua empresa como uma organização responsável e comprometida com a ética e a transparência.

Nossa real dimensão

João J. A. Curvello | Reflexões | terça-feira, maio 6th, 2008

Nesses dias, andei um pouco afastado do blog, envolvido que estive em eventos, reuniões, leituras, disputas, discussões. Este post reflete um pouco meu pensamento sobre as lutas de poder, sobre o excesso de importância que damos a tudo o que não vale a pena.

O vídeo acima, realizado a partir de um texto de Carl Sagan, nos apresenta a real dimensão desse pálido ponto azul chamado Terra e de seus habitantes diante da imensidão do universo. Já o vídeo abaixo, traz um rock da década de 80, da banda Uns e Outros, atualizada na versão do Biquini Cavadão, com uma letra que ainda se revela contundente e atual.