A gestão comunicacional vista como processo
Etimologicamente, a palavra processo se origina no termo latino processus que, por sua vez, remete a procedere, que seria a ação de proceder, prosseguir, em busca de um objetivo, de uma finalidade. No campo de gestão, processo pode ser definido como uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, e com inputs e outputs claramente identificados numa espécie de estrutura para ação pela qual uma organização faz o necessário para produzir valor para seus clientes (DAVENPORT, 1994). Em oposição, David Berlo (2003) nos alerta que processo não tem necessariamente um começo e um fim, nem se caracterizaria por uma sequência fixa de eventos. Não é, portanto, estático, parado. Ao contrário, é móvel. Cada ingrediente de um processo afeta todos os demais.
Nesse sentido, a gestão comunicacional também pode ser compreendida como processo a partir da tese de que é uma sequência de tarefas (ou atividades) que, ao serem executadas, transformam insumos e recursos, discursos, falas, expressões intencionais e planejadas em resultados com valor agregado às organizações. Mas é também um fenômeno em contínua mudança, em fluxo e transformação constantes, marcado por ciclos criativos e cocriativos incrementados nos relacionamentos com os públicos. Nessa visão, acontecimentos e relações nos contextos comunicacionais são dinâmicos, sempre em evolução, quer percebamos ou não tais movimentos (CURVELLO, 2009).
A gestão comunicacional orientada por processos pode se basear na simples divisão de tarefas e responsabilidades, no sequenciamento de atividades, tal qual preveem os modelos funcionais burocráticos. Entretanto, desde meados dos anos 1980, no Brasil, há uma tendência crescente nas organizações em seguir os preceitos da comunicação integrada, que une filosoficamente os sistemas de comunicação institucional, mercadológica, motivacional e administrativa na busca da coerência discursiva e expressiva. Sob essa perspectiva, a gestão por processos consiste em planejar a partir de visão estratégica, fomentar políticas, diretrizes, programas, projetos e ações de aproximação e de integração, gerenciar funções operacionais como a produção e circulação de informação, por meio de veículos e eventos segmentados, compreender como funcionam as redes de relacionamentos que emergem entre organizações, sistemas e públicos, criar e recriar coletivamente sistemas de interação e de compartilhamento de informações em todos os níveis, além de permanentemente avaliar os fluxos e os resultados.
Referências:
BERLO, David K. O Processo da Comunicação. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
CURVELLO, João José Azevedo. A Comunicação Organizacional como fenômeno, como processo e como sistema. In: Organicom (USP), v. 10/11, p. 109-114, São Paulo: Abrapcorp, 2009.
DAVENPORT, T. H. Reengenharia de processos. Rio de Janeiro: Campus, 1994.