Conhecer para superar: barreiras à comunicação nas organizações

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Reflexões | domingo, janeiro 10th, 2016

barreirasAssim como Niklas Luhmann (2006), autores como Omar Aktouf (1996) vêem a comunicação como improvável diante da persistência de muitas barreiras organizacionais ao acesso à informação, a um livre fluxo de idéias e opiniões, ao entendimento e à ação.

As primeiras grandes barreiras podem ser encontradas nas próprias contradições inerentes ao trabalho. Essas contradições internas, no entender de Aktouf, se produziriam na separação produtor/produto de seu trabalho, na perda do sentido do trabalho (separação trabalhador/ação), no corte com a natureza (o tempo do trabalho subverte o tempo biológico) e na separação trabalhador/proprietário.

Outra variável importante para analisarmos como as empresas lidam com a questão da comunicação é a ideologia gerencial, ou o modo de pensar dominante no ambiente da administração, em que toda questão é avaliada a partir da perspectiva da racionalidade econômica.

A própria linguagem administrativa, caracterizada pela predominância do modo imperativo e pela normatização, constitui outra barreira. No Brasil, de tradicional cultura bacharelesca, juntam-se a esse pendor autoritário o rebuscamento e o excesso de preocupação com a forma, em detrimento do conteúdo. A isso podemos agregar a barreira representada pelos jargões especializados ou idioletos, que, em sua codificação levada ao extremo, restringem a interpretação das mensagens a iniciados.

A estrutura burocrática, a que já nos referimos, e que ainda domina a cena organizacional, é talvez a maior das barreiras, por impor canais e interlocutores, definindo-os previamente a partir da hierarquia funcional.

Outros obstáculos são as culturas organizacionais ancoradas na autoridade e na norma, e o excesso ou a falta de objetividade. O excesso de objetividade gera a reificação da comunicação e uma redução do processo comunicativo a uma razão instrumental; e a falta de objetividade acarreta uma falsa democracia em que todos falam sem chegar a um entendimento.

Ainda podem ser listadas como barreiras à comunicação a prevalência de algumas idéias preconcebidas sobre a figura do executivo ou administrador – as verdades definitivas, na concepção de Aktouf . A primeira dessas verdades seria a noção de propriedade privada, com base na legitimação da detenção do poder e do exercício da dominação, tratada como um instinto ou algo natural, enquanto, na realidade, é fruto das relações sociais e das culturas. A outra verdade diz respeito aos direitos do chefe, como o “poder, os privilégios reservados, o direito de usar em primeiro lugar, de dar ordens, de se fazer obedecer, de decidir…” . Outra, estaria associada à idéia de que a busca de produtividade, do prazer máximo e do ganho sistemático seriam também qualidades naturais da espécie humana. Essas visões justificam muito da postura autoritária encontrada em administradores, que acreditam piamente terem sido naturalmente escolhidos para os altos postos da hierarquia.

Além desses obstáculos listados e comentados, é preciso concordar com Omar Aktouf quando nos diz que “a comunicação organizacional, tal como é conduzida, teorizada e tradicionalmente ensinada, visa muito mais ao controle e à dominação das situações e dos empregados do que colocar em comum” .

Um exemplo de como essa busca do controle e da manipulação via comunicação pode causar estragos à vida das organizações e das pessoas que as compõem é o duplo constrangimento ou duplo vínculo (que consiste em receber uma mensagem e seu contrário, uma solicitação e seu inverso, sem a possibilidade de executá-las). Ele pode ser traduzido na implementação de programas de incentivo e de qualidade de vida, paralelamente à introdução de conceitos, como o de empregabilidade. Ou seja, a busca de comprometimento e integração, ao mesmo tempo em se deixa claro que não há garantias de emprego e de estabilidade.

Referências:

AKTOUF, Omar – A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo. Atlas, 1996.
LUHMANN, Niklas – A improbabilidade da Comunicação. 4ª. Edição. Lisboa: Vega Editora, 2006.

A “morte do nascimento”

João J. A. Curvello | Reflexões | domingo, novembro 15th, 2015


Como professor e pesquisador da Comunicação Organizacional gostaria de deixar claro, aqui, que não vejo como um crime possa vir a ser gerenciado como uma crise, não vejo como discursos verbais possam mudar percepções, imagens e reputações. Todo crime contra a vida deveria ser inafiançável. Não há multa que os pague. Não há desculpas que os justifiquem. Não há plano algum de comunicação que apague os efeitos. Não há storytelling institucional que reorganize os fatos. A vida, aqui, foi atingida na sua origem. Vidas humanas, vidas de milhares de espécimes animais, vidas vegetais foram simplesmente exterminadas no hoje e no amanhã. Com elas se foram também sonhos, memórias, histórias, referências. Trata-se da “morte do nascimento”, como bem definiu Paul Hawken no seu livro The Ecology of Commerce, causada pela busca irrefreável do lucro, ou como costumam amenizar muitos “profissionais”, do “retorno sobre o investimento”, da “remuneração justa aos investidores e acionistas”.

Lançado novo livro do ABRAPCORP 2013

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Pós-Graduação,Reflexões,Teorias | sexta-feira, agosto 15th, 2014

O livro “A pesquisa em Comunicação Organizacional e em Relações Públicas: metodologias entre a tradição e a inovação”, dedicado à temática central do Congresso Abrapcorp 2013 foi publicado em formato ePub pela EDIPUCRS.

O acesso é gratuito e a obra pode ser baixada por este link:

http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/series/abrapcorp/

Pesquisa sobre Comunicação interna no Setor Público

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Pós-Graduação | sexta-feira, agosto 15th, 2014

Solicitamos sua especial colaboração em responder o seguinte questionário, parte do projeto de pesquisa “Observatório da Comunicação Organizacional Interna na Área Pública”, financiado pelo CNPq, com o objetivo de avaliar a satisfação de servidores públicos (estatutários, comissionados e contratados) com as práticas de comunicação organizacional interna nos diversos órgãos da administração direta e indireta, nas esferas federal, estadual/distrital e municipal.

Portanto, se você se enquadra na condição de servidor público, seja estatutário (concursado), comissionado ou contratado (contrato temporário, terceirizado, consultor e/ou assessor de organismo internacional), está convidado a colaborar com a pesquisa.

Ressaltamos que serão respeitadas todas as normas e preceitos da ética na pesquisa: sua identidade permanecerá oculta; as informações sobre o seu local de trabalho, seu perfil profissional e localização são necessárias apenas para a classificação e diferenciação por estratos institucionais e não serão individualizadas; os resultados aparecerão de forma agrupada, de forma a garantir o sigilo dos respondentes; a divulgação se dará por meio de artigos em eventos, periódicos e/ou livros, de acesso livre e gratuito.

Muito obrigado por sua inestimável colaboração!

Prof. João José A. Curvello
Pesquisador.

https://pt.surveymonkey.com/s/COMINTPUB

João J. A. Curvello | Pós-Graduação | terça-feira, maio 21st, 2013

E-book

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Reflexões,Teorias | segunda-feira, maio 20th, 2013

Você já pode baixar diretamente do site da EDIPUCRS o livro “Teorias e métodos de pesquisa em comunicação organizacional e relações públicas : entre a tradição e a inovação”.

Lançada nova edição de Comunicação Interna e Cultura Organizacional

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Reflexões,Teorias | domingo, março 10th, 2013

Já está disponível a nova edição revista, atualizada e ampliada do nosso livro Comunicação Interna e Cultura Organizacional. Agora em versão e-book, a obra foi editada pela Casa das Musas, de Brasília, e está disponível para download neste endereço:

http://www.acaocomunicativa.pro.br/Livro/LivroComIntCultOrg2012-EBook.pdf

Versões para folhear podem ser acessadas por estes outros links:

http://issuu.com/jjacurvello/docs/livrocomintcultorg2012-ebook

http://www.yumpu.com/pt/document/view/11170897/comunicacao-interna-e-cultura-organizacional

O livro também pode ser lido e baixado pelo Google Livros:

http://books.google.com.br/books?id=wyUagp3GBUUC&lpg=PA4&hl=pt-BR&pg=PA1#v=onepage&q&f=false< \a>

Brasília receberá VII Congresso da Abrapcorp

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Pós-Graduação,Teorias | sábado, fevereiro 16th, 2013


A Universidade Católica de Brasília sediará, de 15 a 17 de maio de 2013, a sétima edição do Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (ABRAPCORP).

O tema central do Congresso é “Teorias e Métodos de Pesquisa em Comunicação Organizacional e Relações Públicas: entre a tradição e a inovação” e o evento contará com as seguintes atividades confirmadas:

Conferência de Abertura: “Tradição e Inovação nos Estudos de Comunicação: o Metadiscurso”, com o Prof. Robert T. Craig (Ph.D.) – University of Colorado Boulder

Painel 1: “Tradição e Inovação na pesquisa acadêmica, nas organizações e na sociedade”, com os profs. Linda Saadaoui (Universidade de Metz) e Luiz Cláudio Martino (UnB)

Painel 2: “O estado da arte das teorias e métodos de pesquisa nos Programas de Pós-Graduação”, com os profs. Margarida Maria Krohling Kunsch (USP), Eugênia Mariano da Rocha Barichello (UFSM), João José azevedo Curvello (UCB) e Esnel José Fagundes (UFMA)

Painel Mercado: “Inovações na pesquisa como ferramenta de produção de conhecimento em organizações”, com Aurora Yasuda (Millward Brown – SP), Diva Maria Tammaro de Oliveira (Recherche – SP) e Rodrigo Toni (Animux – SP)

Mesas temáticas com apresentações dos trabalhos selecionados

Colóquio de grupos de pesquisa em Comunicação Organizacional e em Relações Públicas

Espaço de Iniciação Científica

Oficinas de Pesquisa (para alunos de graduação):
Oficina 1 – Critérios de Avaliação para Projetos de Comunicação
Organizacional e de Relações Públicas – Elizabeth Pazito Brandão (CONFERP)
Oficina 2 – Pesquisa aplicada em Mega Eventos – Ricardo Ferreira Freitas (UERJ)
Oficina 3 – Pesquisa aplicada em Comunicação Organizacional – Rudimar Baldissera (UFRGS)

Mini cursos de Pesquisa (para alunos de pós- graduação)
Minicurso 1 – Os Métodos em Comunicação Organizacional – Cleusa Maria Andrade Scroferneker (PUCRS)
Minicurso 2 – O Discurso da Cultura Organizacional na Perspectiva da Semiótica da Cultura – Luiz Carlos Assis Iasbeck (UCB)
Minicurso 3 – A Auditoria de Mídia para Comunicação Organizacional e Relações Públicas – Wilson da Costa Bueno (UMESP)

Lançamento de Livros com temáticas relacionadas à área

Veja a programação completa:

O link para a inscrição está no hotsite do Congresso: www.abrapcorp2013.com.

Lançado livro “100 anos de McLuhan”

João J. A. Curvello | Convergência Digital,Pós-Graduação,Teorias | segunda-feira, outubro 15th, 2012

Anunciamos o lançamento do livro “100 anos de McLuhan”, organizado por Janara Sousa (UnB), João Curvello (UCB) e Pedro Russi (UnB), editado pela Casa das Musas, com apoio da Capes.

O livro é resultado do debate realizado durante o “Seminário Internacional 100 anos de McLuhan”, nos dias 10 e 11 de novembro de 2011. O evento, financiado pela Capes e pelo Decanato de Pós-Graduação da Universidade de Brasília (UnB), foi organizado pela linha de pesquisa Teorias e Tecnologias da Comunicação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Comunicação da UnB, e contou com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Católica de Brasília.

A versão digital pode ser baixada na íntegra a partir deste endereço:

http://teoriasetecnologiasdacomunicacao.org/wp-content/uploads/100anosMcLuhan-ebook.pdf

Subjetividade polissêmica

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Pós-Graduação,Reflexões,Teorias | sábado, maio 21st, 2011

Imagem15O termo subjetividade é em si polissêmico. A seguir, apresentamos várias visões da subjetividade, a partir de levantamento realizado pelo professor José Amícola, da Universidad Nacional de La Plata, apresentadas durante o VIII Ciclo Posdoctoral del CEA/UNC, em Córdoba, no último dia 13 de maio.

No campo da psicologia

1. Ênfase na ideia de construção do psiquismo
2. O processo de subjetivação ou devir do sujeito
3. As condições de subjetivação (poder – corpo)
4. O complexo de fatores que fazem uma pessoa
5. A soma dos estágios no processo de subjetivação
6. Sinônimo de processo de identidade

No campo dos estudos de gênero

7. A instância de subjetivação a partir de um sistema de gênero com entidades “desejantes”
8. O sentimento subjetivo da sensação de ser sujeito masculino, feminino ou ….
9. O processo de exclusão e inclusão de modelos de gênero (a capacidade de posicionamento masculina e a capacidade de relacionamento feminina)

No campo da filosofia

10. A incapacidade para ser objetivo
11. A condição de ver o mundo desde o próprio sujeito

No campo da história

12. A historicidade dos processos de subjetivação em determinadas sociedades

No campo da sociologia

13. O posicionamento subjetivo dentro da sociedade
14. As representações coletivas como configuradoras da subjetivação

No campo da Política

15. As oposições ao nível de sentimentos coletivos de identidade (no qual uma subjetividade se opõe à outra)

Desde a Comunicação

16. A subjetividade estaria no campo da percepção

Como desafio apresentado pelo professor Amícola, desenvolvi também minha própria definição de subjetividade, originária na interface entre comunicação, cultura e sociedade. Assim, para mim, subjetividade seria o “processo individual e/ou coletivo de subjetivação ativado pela diferenciação entre discursos, percepções, imagens, memórias, crenças e sentidos”.

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