Lançado livro “100 anos de McLuhan”

João J. A. Curvello | Convergência Digital,Pós-Graduação,Teorias | segunda-feira, outubro 15th, 2012

Anunciamos o lançamento do livro “100 anos de McLuhan”, organizado por Janara Sousa (UnB), João Curvello (UCB) e Pedro Russi (UnB), editado pela Casa das Musas, com apoio da Capes.

O livro é resultado do debate realizado durante o “Seminário Internacional 100 anos de McLuhan”, nos dias 10 e 11 de novembro de 2011. O evento, financiado pela Capes e pelo Decanato de Pós-Graduação da Universidade de Brasília (UnB), foi organizado pela linha de pesquisa Teorias e Tecnologias da Comunicação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Comunicação da UnB, e contou com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Católica de Brasília.

A versão digital pode ser baixada na íntegra a partir deste endereço:

http://teoriasetecnologiasdacomunicacao.org/wp-content/uploads/100anosMcLuhan-ebook.pdf

Subjetividade polissêmica

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Pós-Graduação,Reflexões,Teorias | sábado, maio 21st, 2011

Imagem15O termo subjetividade é em si polissêmico. A seguir, apresentamos várias visões da subjetividade, a partir de levantamento realizado pelo professor José Amícola, da Universidad Nacional de La Plata, apresentadas durante o VIII Ciclo Posdoctoral del CEA/UNC, em Córdoba, no último dia 13 de maio.

No campo da psicologia

1. Ênfase na ideia de construção do psiquismo
2. O processo de subjetivação ou devir do sujeito
3. As condições de subjetivação (poder – corpo)
4. O complexo de fatores que fazem uma pessoa
5. A soma dos estágios no processo de subjetivação
6. Sinônimo de processo de identidade

No campo dos estudos de gênero

7. A instância de subjetivação a partir de um sistema de gênero com entidades “desejantes”
8. O sentimento subjetivo da sensação de ser sujeito masculino, feminino ou ….
9. O processo de exclusão e inclusão de modelos de gênero (a capacidade de posicionamento masculina e a capacidade de relacionamento feminina)

No campo da filosofia

10. A incapacidade para ser objetivo
11. A condição de ver o mundo desde o próprio sujeito

No campo da história

12. A historicidade dos processos de subjetivação em determinadas sociedades

No campo da sociologia

13. O posicionamento subjetivo dentro da sociedade
14. As representações coletivas como configuradoras da subjetivação

No campo da Política

15. As oposições ao nível de sentimentos coletivos de identidade (no qual uma subjetividade se opõe à outra)

Desde a Comunicação

16. A subjetividade estaria no campo da percepção

Como desafio apresentado pelo professor Amícola, desenvolvi também minha própria definição de subjetividade, originária na interface entre comunicação, cultura e sociedade. Assim, para mim, subjetividade seria o “processo individual e/ou coletivo de subjetivação ativado pela diferenciação entre discursos, percepções, imagens, memórias, crenças e sentidos”.

A gestão da comunicação nas diferentes concepções de organização

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Reflexões,Teorias | domingo, março 13th, 2011

intO termo organização deriva do neologismo latino “organisatio”, empregado desde o século XIV no âmbito da medicina. Essa origem vincula o conceito à expressão “organum” (organismo). No final do século XVIII, o termo começa a ser empregado como metáfora do corpo social ordenado e também se inicia, já sob influência da nascente revolução industrial, a interpretação das organizações como mecanismos ou máquinas, criados de forma intencional e planejada a partir da racionalidade humana.

O conceito de “organização”, na sua concepção inicial, vinculado ao ato de organizar, ordenar, articular, é dotado de um sentido ativo, dinâmico, capaz de explicar, reformar e reconfigurar o todo social. Confunde-se, portanto, com ação, movimento, que pode desencadear uma espécie de acordo entre as partes e destas com o conjunto. É ainda um sistema de ação conscientemente coordenado para atingir fins ou objetivos comuns, mediante a divisão de funções e de trabalho, através de uma hierarquização da autoridade e da responsabilidade (BARNARD, 2003 e SCHEIN, 2009).

A partir dessa perspectiva, a gestão da comunicação surgiria como atividade-meio, orientada para viabilizar relacionamentos favoráveis à consecução dos objetivos organizacionais. Comunicar seria apenas uma tarefa, um recurso, para atingir os objetivos do sistema, reduzida a um instrumento, geralmente sob a responsabilidade de um profissional que se apresenta como designer de processos, estruturas, hierarquias, departamentos, mídias, seguindo os parâmetros da racionalidade econômica. E que se orienta, principalmente, pelo clássico paradigma da transmissão, no qual a organização seria uma fonte irradiadora de informações.

Outra dimensão muito explorada é a “estrutural”, que se configura pela hierarquia funcional, assimétrica desde a origem, na qual a lógica do poder tende a se sobrepor à racionalidade instrumental. Essa estruturação opera por meio de diretrizes, normas e instruções estabelecidas e comunicadas, desde a direção, e também por aquelas regras tácitas, aceitas como elementos ao mesmo tempo de vinculação e de diferenciação. Quando uma das muitas correntes teóricas da comunicação nas organizações descreve como função da comunicação a integração entre objetivos organizacionais e necessidades dos públicos, está traduzindo essa percepção de que o vínculo não só é necessário como imprescindível para a institucionalização do sistema.

As organizações ainda podem ser descritas como culturas, como sistemas lingüísticos, sígnicos, discursivos, que se apresentam como textos que ao mesmo tempo expressam e ocultam valores compartilhados.

No entanto, as organizações também são tipos muito particulares de sistemas sociais altamente complexos, orientados ainda para o alcance de objetivos específicos, mas criados e recriados em torno da comunicação, que aparece como elemento-chave para a construção, renovação e manutenção de sua identidade (LUHMANN, 2007). Como sistemas que são, estabelecem relações de autonomia e de interdependência como o ambiente. A comunicação, aqui, ainda que apareça como improvável (uma vez que para se realizar depende da superação de barreiras como o acesso, o entendimento e a aceitação da intencionalidade do outro), é o motor que faz com que a organização reduza a complexidade do ambiente, por meio da autocriação e reconfiguração de discursos, expressões e sistemas de diálogo. Independe, portanto, de gestão centralizada, uma vez que permeia toda a estrutura. Uma organização, entendida dessa forma, não é uma entidade estável, mas processual, que se organiza a partir de eventos e que opera em perpétua seleção e decisão. Nessa visão, a gestão comunicacional passa a ser, antes de tudo, a gestão da identidade e da complexidade por meio de competências conversacionais.

Referências:

BARNARD, Chester. Organization and Management: Selected Papers: Early Sociology of Management and Organizations (The Making of Sociology: the Early Sociology of Management and Organization Vol.7). Londres: Routledge, 2003.

LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. México: Herder/Universidad Iberoamericana, 2007.

SCHEIN, Edgar. Cultura Organizacional e Liderança. São Paulo: Atlas, 2009.

As organizações efêmeras, sem vínculos, sem estabilidade

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Pós-Graduação,Reflexões,Teorias | sexta-feira, janeiro 7th, 2011

Efemero NewEste trecho foi extraído do meu artigo Um olhar comunicacional sobre a autonomia e a interdependência nas relações de trabalho, publicado no livro organizado pela professora Margarida Kunsch, A Comunicação como Fator de Humanização das Organizações, editado pela Difusão em 2010 (p. 77-92):

“O conceito de organizações efêmeras aparece pela primeira vez em um ensaio do sociólogo italiano Giovan Lanzara (1983). Ao relatar os processos organizativos emergentes após o terremoto que abalou o sul da Itália em 1980, o autor destaca algumas características e comportamentos próprios dessas organizações, as quais denominou de informais e efêmeras. Por exemplo, seriam marcas desse perfil de organizações a “desafeição psicológica” e a “desconfiança moral e política” (LANZARA, 1983: 75). Conforme destacadas por Andrade (2005, p. 633, citando LANZARA, 1983, p. 88), essas organizações “não têm passado ou futuro, vivem no presente, não contam histórias sobre si mesmas e não projectam a sua imagem no futuro, tudo jogando no presente”.

Uma outra característica desse modelo emergente de organização é que seria também um sistema caórdico, uma espécie de organismo, organização ou sistema auto-regulado que combina de modo equilibrado os estados de ordem e caos. Sistemas assim são estruturados de modo a não ser inteiramente tomados, seja pelo caos, seja pela ordem. São auto-organizados, como o são todos os sistemas do mundo natural. (MARIOTTI, 2007, p.148).

São também estruturas complexas, que não se confundem com complicação nem são transparentes e inteligíveis, mas que só existem a partir da observação, pois “mesmo as relações de trabalho e até aquelas desenvolvidas entre organização e públicos (como sistemas autônomos que são) seriam, antes de tudo, relações de observação, de contraposição, de redução de complexidade” (CURVELLO, 2009, p. 102). Nessa perspectiva, os indivíduos não estariam subsumidos à organização, mas seriam, sobretudo, observadores autônomos, ainda que eventualmente acoplados estruturalmente ao contexto organizacional.

Dessa forma, seja qual for o contexto, nesses tempos típicos de uma pós-modernidade líquida, diluída, quer seja simplesmente o número de opções disponíveis aos indivíduos, ou o leque de stakeholders envolvidos no processo de tomada de decisão, ou ainda o aumento das conexões entre organizações, parece que estamos a entrar numa época em que parcerias e cooperação e a tomada de decisão nos princípios de multiagency (no sentido lato), passa a ser crucial (Taket e White apud JACKSON, 2000, p.335). Assim, as bases terão de ser permanentemente negociadas e renegociadas, numa espécie de busca de um equilíbrio tensionado ou da denominada ordem negociada como proposto por Strauss (apud CARAPINHEIRO, 1993, p. 63).”

Referências:

ANDRADE, Rogério Ferreira de. Quando nos Roubam o Chão Obrigam-nos a Voar: narrativas erosivas e extinção moral das organizações. Lisboa: Actas do 4º. SOPCOM, 2005. Consultado na internet em 17/02/2010, no endereço: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/andrade-rogerio-quando-roubam-chao-obriga-nos-voar.pdf >

CARAPINHEIRO, G. Subjetividade e administração de pessoal: considerações sobre modos de gerenciar trabalhos em equipes de saúde. In: EE Merby e RT Onocko. Agir em Saúde: um desafio para o público. São Paulo: Hucitec, 1993.

CURVELLO, João José Azevedo – A perspectiva sistêmico-comunicacional das organizações e sua importância para os estudos da comunicação organizacional. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Comunicação Organizacional: Histórico, fundamentos e processos. Volume I. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 91-105.

JACKSON, Michael C.. Systems Approaches to Management. New York: Kluwer Academic/Plenum Publishers, 2000.

LANZARA, Giovan. Ephemeral organizations in extreme environments: Emergence, strategy, extinction, In Journal of Management Studies, 20: 7195, 1983

MARIOTTI, Humberto. Pensamento Complexo: suas implicações à Liderança, à Aprendizagem e ao Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Atlas, 2007.

Sennet e os novos sentidos do trabalho

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Reflexões,Teorias | quinta-feira, janeiro 6th, 2011

SennetUm dos autores fundamentais para a compreensão crítica dos novos sentidos no mundo do trabalho é Richard Sennet. Em duas obras publicadas no Brasil na última década (vide referências), disseca como poucos os impactos que as mudanças tecnológicas e gerenciais provocam junto aos trabalhadores e às organizações.

No novo cenário do trabalho, na denominada sociedade pós-industrial e informacionalista, a valorização da velocidade – traduzida na busca incessante pelo resultado no curto prazo, nas estruturas orientadas por projetos, e na flexibilidade dos contratos – acaba por não permitir que as pessoas desenvolvam experiências ou construam uma narrativa coerente para suas vidas, além de afetar a confiança e o comportamento ético (Sennet, 2000).

Esse processo se caracteriza por novas formas e novos modelos de contratação, conforme identificados pelo mesmo Sennet (2006): a casualização (contratação de terceiros ou profissionais por tarefas); a dessedimentação (fragmentação do trabalho); e o sequenciamento não linear (a produção é flexível).

Essa desestruturação das narrativas do trabalho, aliada à alta rotatividade e à implantação de conceitos como o de empregabilidade, que tira do Estado e das organizações a responsabilidade pelos empregos, jogando-a nos braços dos trabalhadores, acaba por acarretar um baixo nível de lealdade institucional, uma diminuição da confiança informal e a diluição do conhecimento institucional.

O capitalismo contemporâneo estaria ancorado, portanto, segundo Sennet (2006), nas novas e frágeis bases de uma burocracia reconfigurada e renovada pela flexibilização e pelo informacionalismo; da gestão dos talentos, que impõe aos trabalhadores o movimento de capacitação e atualização permanentes; e do consumo, em todas as esferas, do mercadológico ao institucional, do privado ao público. O indivíduo, nesse cenário, se vê diante dos seguintes dilemas: para existir socialmente, precisa consumir; para consumir, precisa das recompensas de estar ligado à nova burocracia; para conectar-se à burocracia, precisa estar capacitado.

Referências:

SENNET, Richard. A corrosão do caráter. Rio de Janeiro: Record, 2000.

SENNET, Richard. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2006.

Desafios da Comunicação

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Reflexões,Teorias | quinta-feira, setembro 30th, 2010

Confiram os slides da minha apresentação no 27º Congresso Confiarp, em Brasília:

As múltiplas e ricas definições de comunicação

João J. A. Curvello | Reflexões,Teorias | domingo, junho 6th, 2010

Este vídeo foi apresentado na jornada “Metodologías de la Comunicación Estratégica: del inventario al encuentro” e publicado originalmente no excelente blog “Comunicación y Sociedad: blog para navegar en el mundo fluido”, de Sandra Massoni, Diretora da Pós-Graduação em Comunicação Ambiental da UNR e Coordenadora de Pesquisa em Comunicação Estratégica do INTA, entidade argentina organizadora do evento. Em poucos minutos e poucas palavras, mostra-nos a riqueza polissêmica do mundo da Comunicação:

UCB seleciona professores de comunicação

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Convergência Digital,Pós-Graduação,Teorias | sexta-feira, dezembro 18th, 2009

O curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília abre editais para contratação de professores para as seguintes áreas e atividades de ensino:

1) Fotografia
Atividades: ministrar as disciplinas Fundamentos da Linguagem Audiovisual, Introdução à Fotografia, Fotojornalismo e Foto Publicitária, orientar projetos experimentais (TCC).
Requisitos: Ter pós-graduação, preferencialmente com doutorado em Comunicação Social, Audiovisual ou Cinema. Experiência em produção fotográfica.

2) Design Gráfico
Atividades: ministrar as disciplinas Editoração Eletrônica, Produção Gráfica, Design Gráfico para Publicidade, Design Gráfico para Jornalismo, Direção de Arte, orientação de alunos em projetos experimentais (TCC).
Requisitos: Ser graduado em Comunicação Social, Desenho Industrial, Artes Visuais, Arquitetura ou áreas afins. Preferencialmente com pós-graduação.

3) Jornalismo
Atividades: ministrar as disciplinas Técnicas de Redação Jornalística II, Técnicas de Redação Jornalística III, Produção e Edição de Impressos, orientação de alunos em projetos experimentais (TCC).
Requisitos: Ser graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Obrigatório pós-graduação, preferencialmente doutorado em Comunicação Social. Experiência em produção de textos jornalísticos e comprovada atuação profissional em empresa jornalística.

4) Publicidade
Atividades: ministrar as disciplinas Técnicas de Redação e Produção para Mídia Impressa, Técnicas de Produção e Redação para Rádio e Linguagem Publicitária; orientar projetos experimentais (TCC).
Requisitos: Graduação em Publicidade e Propaganda, Propaganda e Marketing ou similar. Obrigatório pós-graduação, preferencialmente doutorado em Comunicação Social. Atuação comprovada como redator publicitário no mercado.

5) Teoria
Atividades: ministrar as disciplinas Sociologia Geral, História da Comunicação, Teorias da Comunicação I; orientar projetos experimentais (TCC).
Requisitos: Ter pós-graduação, preferencialmente doutorado em Comunicação Social. Experiência em docência.

6) Vídeo
Atividades: ministrar as disciplinas Fundamentos da Linguagem Audiovisual, Técnicas de Redação para TV e Cinema, Produção e Edição em TV e Produção e Edição em Rádio orientar projetos experimentais (TCC).
Requisitos: Graduado em Comunicação Social ou Audiovisual, preferencialmente com mestrado ou doutorado em Comunicação Social, Audiovisual ou Cinema. Experiência comprovada em produção audiovisual.

Os editais completos estarão disponíveis a partir do dia 17 de dezembro no endereço: http://vulcan.ucb.br/vagasucb/vagasucb.ucb/vagas
As inscrições serão feitas pelo próprio site.

Margarida Kunsch lança três novos livros

João J. A. Curvello | Comunicação Organizacional,Reflexões,Teorias | domingo, agosto 9th, 2009

A professora Margarida Kunsch, da USP, lança nesta terça-feira, dia 11, às 19 horas, na Livraria da Vila, em São Paulo, três novos livros que expressam o pensamento contemporâneo brasileiro de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas.

Muito nos honra ter participado deste projeto. No volume 1, do livro Comunicação Organizacional, no capítulo 5, confiram nossa contribuição no texto “A perspectiva sistêmico-comunicacionaldas organizações e sua contribuição para os estudos da comunicação organizacional”.

Sobre interdisciplinaridade e ligação de saberes

João J. A. Curvello | Reflexões,Teorias | quinta-feira, julho 3rd, 2008

Em todos esses anos como professor e pesquisador, trabalho a comunicação como uma disciplina que nasceu e cresceu na interdisciplinaridade. Por isso, tenho lutado por tratar a comunicação social como um campo em que o saber deve ser plural, amplo, diversificado e, por isso mesmo, complexo. Nunca me deixei seduzir pelas idéias reducionistas das áreas profissionais, como jornalismo, RP e PP. Sempre acreditei que o destino da comunicação social era a fusão de saberes e competências. Assim, venho conduzindo minhas disciplinas e minhas pesquisas. E o tempo e os impactos das novas tecnologias, por exemplo, têm provado que meu pensamento estava no caminho certo, apesar do recrudescimento do fundamentalismo corporativo, como o que está sendo engendrado em alguns feudos classistas, que pregam por aí o atrelamento do ensino de comunicação à formação meramente técnica. Os técnicos serão o que sempre foram: técnicos. E o que os espera é o emprego barato das redações ou o desemprego. O mundo de hoje e do futuro está reservado aos pensadores. E é por isso que acredito que um curso de comunicação deve, antes de tudo, levar os alunos a pensar. Por essa razão, prefiro trabalhar no ambiente da complexidade e acreditar que poderemos construir a utopia da ação comunicativa.

Outra questão que precisamos superar, é a crença de que nossa interdisciplinaridade estaria restrita ao campo das ciências sociais. Hoje, muitas das teorias da comunicação se alimentam dos avanços conseguidos no âmbito da física (teoria do caos) e da biologia (teoria dos sistemas autopoiéticos), por exemplo. Como sempre acreditei que a interdisciplinaridade é o caminho, acredito naquelas ciências que não se encastelam nos paradigmas vigentes. A ciência da comunicação é um exemplo disso. Quanto a caminhar juntos na interdisciplinaridade, quero deixar claro que essa palavra não significa trilharmos todos os mesmos caminhos. O saber que chamo de plural se encontra nas esquinas, nem sempre com hora marcada, nem sempre de forma planejada, mas se encontra. E provoca rupturas, provoca revoluções teóricas e paradigmáticas. Quero dizer com isso, que ser interdisciplinar não é pensar igual. Significa, sim, ser diferente e respeitar a diferença, pois só assim é possível estabelecer conexões entre os saberes.

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